1. Em sua visão, o que é pior: um
sistema descentralizado de governos (como o das administrações locais nos EUA
do século 19), que lá propiciou a “prática política da pilhagem de cargos
públicos”, ou um sistema centralizado de governo como o do Brasil, que pode
produzir o mesmo efeito?
Comparando esses dois sistemas de
governo, acredito que o melhor é o sistema descentralizado como o utilizado nos
EUA no século 19. Com o sistema descentralizado, os governos locais possuem
grande autonomia e tem poder de tomar suas próprias decisões. Assim cada cidade
possui suas próprias ideias, prioridades, valores, etc. Com isso a fiscalização
sobre os problemas locais se torna mais fácil, pois a população pode requerer
providência diretamente com o governo local.
A descentralização aumenta a
capacidade de administrar os governos locais. Em um país grande como o Brasil,
se torna cada vez mais difícil para o governo federal saber o que cada região
realmente precisa e atender a necessidade de todos, devido a enorme diversidade
regional. Cada região é muito diferente das outras; com diferentes
necessidades, prioridades e deficiências. A proximidade do cidadão com o
governo aumenta com a descentralização, tornando o atendimento à população
local mais rápido e eficiente.
Por isso que mesmo que a “prática
política da pilhagem de cargos públicos” esteja presente no sistema descentralizado
e no sistema centralizado de governo, considero o sistema descentralizado
melhor pelo fato de que a descentralização acelera os processos e o atendimento
ao cidadão.
2. Segundo W. Wilson, “o campo da
administração é um campo de negócios” e para melhorar a eficiência dos governos
é preciso buscar inspiração nos modelos de administração de negócios. Que
trunfo tinha na época o mundo dos negócios a ponto de influenciar tanto o
pensamento de Wilson em seu estudo da administração pública?
Wilson foi influenciado pelo mundo
dos negócios devido à experiência das organizações de negócios e do esforço
generalizado de pesquisa sobre gestão científica dos negócios. O estudo da
administração de negócios havia se desenvolvido um pouco mais cedo numa
sociedade de negócios em rápida expansão, caracterizada por prerrogativas
gerenciais extremas e ampla influência social. Outra característica influente
foi o mundo dos negócios abraçar amplamente a tecnologia, ampliando-a as
máquinas e aos seres humanos. Tornando as máquinas o símbolo da eficiência.
Ou seja, foram as pesquisas, investimentos
e tecnologia presentes no mundo dos
negócios que influenciaram tanto o pensamento de Wilson em seu estudo da
administração pública.
3. Contrastar as visões de administração
sustentadas por Hamilton e Jefferson e discutir sua relevância para a
administração pública de hoje.
Hamilton sustentava a ideia de um
governo forte, com poder considerável concentrado no executivo. Segundo Leonard
White: “A preferência federalista pelo poder executivo era reflexo fiel de sua
desconfiança do povo. Segundo sua visão, somente de homens de negócios com
sólida educação, de homens com formação intelectual e experiência ampla – em
suma, de homens de classe superior – é que se poderia esperar uma percepção
inteligente sobre uma boa política pública”. Esta preferência de Hamilton pela
prerrogativa executiva também possuía uma questão de princípio administrativo.
Em sua visão, a ação deve ter uma
orientação clara, vinda de um executivo unificado, para assim ser eficaz. O
executivo não poderia funcionar sem ter uma unidade de comando que dê a
resposta final cujas decisões sejam acatadas por todos. Sendo assim, um centro
único de poder seria um centro único de responsabilidades.
Jefferson observou que o problema
da administração e da organização estava diretamente ligado ao problema da
extensão da noção da democracia. Lynton
Cadwell destaca: O governo deve ser descentralizado, a ponto de permitir que
cada cidadão possa participar pessoalmente na administração dos assuntos
públicos e... o governo deve ser vir para educar o povo em sabedoria política e
formar uma cidadania que dependa de si mesma”. Esses dois princípios são
centrais à teoria administrativa de Jefferson.
Jefferson argumentava em favor de
limites legais e constitucionais rigorosos para o poder exercido pelo órgão
executivo, com o intuito de garantir a responsabilidade dos funcionários
públicos.
Enquanto Hamilton era a favor de
um poder executivo forte e unificado, sem a participação popular; Jefferson
acreditava na participação popular junto a um governo descentralizado.
Essas visões demonstram os dois
extremos que uma administração pública pode vir a ser, o que acaba dividindo
opiniões e criando discussões dentro do setor público. A sua relevância entra
no sentido de tê-las como base para uma reflexão do que seria melhor para a
sociedade. Analisando os pontos fortes e fracos de cada uma, seria possível
criar uma nova visão que poderia ser posta em prática pelos agentes públicos.
4. Discutir as origens da dicotomia
entre política (politics) ou política pública (policy) e
administração. Faz alguma diferença você usar a palavra “política” ou “política
pública”? Isso muda o debate?
A política está preocupada com a
expressão da vontade do Estado nas políticas e a administração está preocupara
com a execução desta vontade. Segundo Goodnow, enquanto as duas funções
primárias de governo são passíveis de distinção, não se consegue definir com
tanta clareza os órgãos do governo aos quais se confia o cumprimento dessas
funções. É desse ponto que surge a necessidade de separar a política da
administração, para obter uma melhor definição de cada um e de suas funções.
Quando se fala em política, subentende-se
que é tudo que ocorre no setor político do país. O que os governantes estão
fazendo ou deixando de fazer; anúncios de novas leis, corrupção, cassação,
nomeação, contratação; onde os políticos estão indo e qual o motivo; esses
tipos de acontecimentos. Já política pública deixa a entender que são as normas
aplicadas naquele governo, o que deve ser seguido pelos cidadãos e pelos chefes
de Estado. São sentidos que podem ser dados ao termo política e ao termo
política pública, por isso o debate pode mudar dependendo do termo utilizado.
5. Se vivemos numa sociedade
democrática, por que permitimos que tantas instituições em nossa sociedade –
mesmo as governamentais – sejam governadas de maneira hierárquica e até
autoritária?
Nessa situação entra a questão de
que às vezes a democracia não é sinônima de eficiência. Se toda instituição
tivesse como objetivo a democracia interna, dificilmente chegaria ao seu
objetivo primordial. Levaria muito tempo para que todos entrassem em consenso
sobre todos os assuntos e quesitos referentes à empresa. Enquanto esta empresa
estaria decidindo qual caminho tomar, as outras do mesmo setor já estariam com
suas providências tomadas e com seu produto no mercado.
Uma instituição autoritária é
necessária para que os fins sejam alcançados, para que as atividades sejam
delegadas e cada um saiba os seus deveres dentro da empresa. Assim a empresa se
mantém no mercado, consegue concorrer com outras e não chegará à falência.
Em relação às instituições
governamentais, os motivos são os mesmos das empresas privadas. Para que os
fins sejam alcançados, para que as atividades sejam delegadas e cada um saiba
os seus deveres. Assim o governo consegue concretizar seus programas, planos e
promessas para com o cidadão. Mantendo o Estado em ordem.
6. Discutir o conceito de eficiência
como medida de sucesso em organizações públicas. Que outros conceitos também
poderiam ser considerados medidas de sucesso?
Como escreveu Dimock (1936ª, p.7)
a definição institucional proposta por Willoughby confirmou a visão mais
antiga, de Wilson e outros, segundo a qual a administração do governo se
equipara com a gestão de assuntos organizacionais em qualquer esfera e tem a
eficiência como seu interesse primordial. O interesse por questões estruturais,
gestão científica e eficiência organizacional somente foi possível em função de
uma definição institucional da administração pública e do pressuposto de que a
política ficasse de fora. Somente com o surgimento da visão de que a
administração poderia ser estudada separadamente da política se tornou possível
a adoção das técnicas e abordagens da gestão de negócios.
Nas organizações públicas, a
eficiência está subentendida quando falamos de alcançar metas, melhorar os
profissionais e abrir mais cargos por concursos, diminuindo os cargos
comissionados. Outros conceitos que poderiam ser considerados medidas de
sucesso seriam o nível de igualdade e democracia daquela população; a maior
integração do povo com a administração pública, aumentando a exigência popular
e o índice de transparência dos governos locais.
7. Discutir a “gestão científica” e seus
críticos. Que efeito persistente tem a gestão científica na administração
pública?
Os
cientistas sociais ainda não tinham resolvido a questão do que significava ser
científico em relação à compreensão da vida social. Pode-se dizer que os
primeiros autores de administração pública foram ingênuos e pouco sofisticados
em seu entendimento da ciência, mas seus críticos posteriores também não
deixaram de errar. A concepção particular de ciência que veio dominar o estudo
da gestão, na metade do século 20, era limitada em sua compreensão da vida
organizacional.
A
ingenuidade dos primeiros cientistas da gestão está refletida no trabalho de
Frederick Taylor. Taylor (1923, p.7) achava que “a melhor gestão é uma
verdadeira ciência, que se baseia em leis, regras e princípios claramente
definidos”. Na base desta ciência está o estudo do comportamento dos
trabalhadores individuais, que é movido pelo interesse de aumentar sua
eficiência. A gestão científica também implica a extensão ou aplicação desses
princípios científicos a todos os domínios da atividade produtiva. Segundo
Taylor, no nível técnico, os trabalhadores mais especializados de qualquer
época sabiam como se poderiam executar melhor as tarefas; sua sabedoria popular
permitia que desenvolvessem os processos de trabalho mais eficientes. O que
Taylor propunha era pesquisar os vários componentes do trabalho, de maneira
científica, e em seguida tornar seus resultados conhecidos, para que todos os
trabalhadores pudessem utilizar o que antes era exclusivo de poucos. Ao estudar
o tempo e movimentos necessários para a execução até das tarefas comuns, Taylor
procurou demonstrar que a gestão poderia melhorar a eficiência do processo
produtivo.
A gestão
científica recomenda que os gestores vejam os trabalhadores como máquinas a
serem programadas para o rendimento máximo. Agora os gestores passavam a ser
necessários para projetar e conduzir experimentos, para descobrir as mais
eficientes técnicas disponíveis, para planejar processos de trabalho que tirem
proveito dessas técnicas e para treinar e supervisionar os trabalhadores que
usam essas técnicas.
A
gestão científica pode produzir princípios, guias para ação e explicações, com
o intuito de auxiliar os administradores públicos a melhorar a eficiência
organizacional.