domingo, 24 de junho de 2012

Palestra Marcos Lisboa no I Forum CLP


Marcos Lisboa começa falando sobre crescimento econômico e desenvolvimento dos países. O por quê de alguns países crescerem mais que outros. As hipóteses antigamente indicadas foram derrubadas a partir do momento que surgiram bases de dados contendo diversas informações sobre todos os países. Permitiu-se então que o crescimento não fosse somente explicado por modelos antigos, pois ao testar a veracidade desses tais modelos, seria possível criar novas teorias para o crescimento econômico.
Algumas das hipóteses que acreditavam serem relevantes para o crescimento, eram a inovação tecnológica e a tradição cultural do país. A inovação tecnológica era vista como a maior razão do crescimento e enriquecimento econômico dos países, mas com o estudo das bases de dados essa idéia foi enfraquecendo com o passar dos anos.
Então Lisboa lista três itens essenciais para a explicação do crescimento econômico de uma nação. O primeiro seria países crescem bem com uma macroeconomia bem organizada, a segunda seria boas políticas sociais, investimento em saúde e educação, indicadores de qualidade de vida bons antes do crescimento, e a terceira instituições importam.
Cita que era dito que o crescimento começava pelo investimento, mas com o estudo das bases de dados foi comprovado que é o contrário que acontece; primeiro surge o crescimento e depois o investimento e a poupança como consequência.
Em geral primeiro cresce a produtividade e depois o investimento e a poupança. Os países se tornam mais produtivos e com isso a renda aumenta. A produtividade não cresce devido somente à inovação tecnológica. Esse crescimento provém de instrumentos de créditos e seguros, de novas e melhores instituições e novas e melhores regras do jogo.
Lisboa diz que temos que ter cuidado com as políticas públicas, pois às vezes a intenção é chegar a um objetivo, mas o resultado se torna outro.
O crescimento também ocorre por causa de pequenas reformas adicionais e o crescimento contínuo da produtividade. Parando com as reformas, a produtividade cai e o ciclo do crescimento acaba. As reformas permitem a criação de instrumentos que financiam o consumo que era inexistente antes da reforma. Instrumentos esses que permitem à população adquirir crédito.
O setor público de hoje se encontra com alguns desafios, como a existência de um desenho institucional onde a carga tributária tende a crescer, aumentando o custo do investimento e diminuindo o crescimento; o Brasil gasta muito para manter a qualidade dos produtos que gera, normalmente o país primeiro cresce se tornando desenvolvido para depois começar a gastar;  a tendência do crescimento da receita a virar gasto.
 O gasto público não feito de forma eficiente tem um efeito negativo, como a valorização do câmbio. Forçar a valorização do câmbio prejudica uma parte da economia local.
Temos um Estado que é maior do que o necessário, que podia fazer mais do que faz, pois é possível fazer mais gastando menos, ter melhores políticas públicas com menor carga tributária, o que ajudaria o investimento e o crescimento. A infraestrutura do Brasil está cada vez mais cara e se tornando um obstáculo ao crescimento invés de facilitá-lo.
É proposto por Lisboa que existe no Brasil uma institucionalidade mal definida, pois no Brasil os mandatos não estão definidos e assim toda decisão pode ser questionada. Não sendo claro o que é permitido e o que é fora dos parâmetros. Com isso surge o primeiro desafio institucional, que é a dificuldade nas tomadas de decisão e na definição de atribuições adicionais.
O segundo desafio seria mudar os instrumentos de gestão e controle do setor público. Gestão tem a ver com otimização de processos, fechar as práticas que não funcionam bem.
Lisboa conclui mencionando dois fatores fundamentais para uma melhor dinâmica do setor público brasileiro. Primeiro o desenho das instituições, o desenho dos programas, importa; não adianta o programa ter boa intenção, tem que ter um resultado concreto. E segundo, sem ter transparência dos resultados, não se sabe o que funciona bem e o que funciona mal.
Com isso pode-se dizer que reformas feitas nas áreas da microeconomia do país podem ser mais relevantes para o crescimento econômico do que grandes decisões na macroeconomia.

Posso começar a fazer a relação da palestra de Marcos Lisboa com a aula sobre Interfaces entre Economia e Administração Pública citando que tanto no Neoinstitucionalismo quanto na opinião de Marcos Lisboa, as instituições importam para o crescimento econômico. O gasto público feito de forma não eficiente e o grau de corrupção percebida influenciam negativamente o desenvolvimento econômico. E o governo deve especificar os direitos de propriedade para que as decisões não possam ser questionadas, como foi mencionado por Lisboa.

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